A oxigenoterapia é uma intervenção terapêutica essencial na reabilitação respiratória. No entanto, compreender as diferenças entre oxigenoterapia de baixo fluxo e de alto fluxo é crucial para a sua aplicação segura e eficaz. Neste artigo, exploramos as características, indicações e vantagens de cada modalidade, com foco na prática clínica em Portugal.

O que é a Oxigenoterapia?

A oxigenoterapia consiste na administração de oxigénio suplementar com o objetivo de manter uma oxigenação adequada dos tecidos, sobretudo em doentes com hipoxemia. As duas principais modalidades são:

  • Baixo fluxo
  • Alto fluxo

Oxigenoterapia de baixo fluxo

O que é?

Na oxigenoterapia de baixo fluxo, o débito de oxigénio fornecido é inferior ao volume minuto do doente. Ou seja, o ar ambiente é misturado com o oxigénio administrado, resultando numa FiO₂ variável.

Exemplos de dispositivos:

  • Cânula nasal (óculos nasais);
  • Máscara facial simples;
  • Máscara com reservatório (não-reinalante).

Vantagens:

  • Simples de utilizar;
  • Económica:
  • Bem tolerada em situações leves a moderadas.

Indicações:

  • Doentes com hipoxemia leve a moderada;
  • Reabilitação respiratória ambulatorial;
  • Situações de transporte ou cuidados paliativos

Oxigenoterapia de Alto Fluxo

O que é?

Aqui, o fluxo de oxigénio é igual ou superior ao volume minuto do doente, proporcionando uma FiO₂ mais precisa e constante. É muitas vezes administrada com um sistema humidificado e aquecido, o que melhora o conforto e a eficiência da terapia.

Exemplos de dispositivos:

  • Cânula nasal de alto fluxo (HFNC – High Flow Nasal Cannula);
  • Máscara de Venturi (considerada fluxo moderado-alto).

Vantagens:

  • Permite suporte ventilatório parcial;
  • Diminui o trabalho respiratório;
  • Melhora a depuração de CO₂ nas vias aéreas superiores;
  • Humidificação e aquecimento protegem a mucosa respiratória.

Indicações:

  • Hipoxemia moderada a grave;
  • Insuficiência respiratória aguda;
  • Pós-extubação ou desmame ventilatório;
  • Doentes com DPOC exacerbado ou COVID-19 grave

Tabela Comparativa: baixo vs alto fluxo

Característica Baixo Fluxo Alto Fluxo
FiO₂ Variável Precisa e constante
Volume minuto do doente Superior ao fluxo fornecido Igual ou inferior
Dispositivos comuns Cânula nasal, máscara simples Cânula de alto fluxo, máscara Venturi
Indicações Casos leves/moderados Casos moderados/graves
Conforto Moderado Elevado (com humidificação)

A escolha entre oxigenoterapia de baixo ou alto fluxo deve ser feita com base na gravidade da hipoxemia, estado clínico do doente e objetivos terapêuticos. Como profissionais de saúde especializados em reabilitação respiratória, é fundamental dominar estas modalidades para otimizar o cuidado respiratório e promover melhores resultados clínicos.